O Professor Ataliba Teixeira de Castilho é um linguista que defende a liberdade na linguagem falada no Brasil e critica os gramáticos que seguem rigidamente as regras gramaticais. Ele é um profissional atento às transformações da língua brasileira, que ocorrem não só no discurso do cotidiano, mas também em diversos outros contextos, como nas redes sociais. Por exemplo, no WhatsApp, é comum trocarmos “você” por “vc”, uma abreviação que mostra como a língua evolui com a comunicação moderna. Este é apenas um exemplo das muitas mudanças que ocorrem, mas serve para ilustrar o ponto. O professor Ataliba dedica-se a estudar quando e onde essas mudanças na linguagem acontecem. Para ele, a língua é viva e, portanto, deve ser livre. Isso significa que a língua falada no Brasil não deve ser confinada a um conjunto rígido de regras gramaticais, embora estas também tenham sua importância. Porém, para Ataliba, a gramática não é o único meio válido de se expressar, pois a língua é dinâmica e variável. A maneira como as pessoas falam é significativa, está em constante transformação e merece ser respeitada.
Com o objetivo de entender melhor a identidade do português do Brasil, o professor Ataliba Castilho desenvolveu vários projetos de pesquisa. Um dos projetos, intitulado “Projeto para a História do Português Brasileiro” (PHPB), reúne 200 pesquisadores de todo o país para estudar a evolução e as particularidades do português no Brasil. Como parte desse projeto, Castilho desenvolveu um método chamado multissistêmico, que leva em consideração quatro aspectos principais para análise linguística: o léxico (as palavras), a gramática, a semântica (os significados das palavras) e o discurso (a estrutura e o contexto do texto).
O método multissistêmico permite uma abordagem mais abrangente e flexível para compreender a língua em suas várias dimensões, refletindo a visão do professor Ataliba de que a linguagem é um fenômeno em constante evolução, influenciado por uma variedade de fatores culturais e sociais. Sua abordagem enfatiza a importância de respeitar a maneira como as pessoas falam, ao mesmo tempo em que reconhece o valor das regras gramaticais, criando assim um equilíbrio entre a tradição e a inovação na linguagem.
Além de seu trabalho como linguista, o professor Ataliba Castilho teve um papel importante na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sendo o responsável pela criação do Sistema de Bibliotecas da Unicamp e do prédio da Biblioteca Central Cesar Lattes. Essa contribuição mostra sua dedicação não apenas à língua, mas também ao acesso ao conhecimento e à educação, criando estruturas que beneficiam estudantes e pesquisadores de várias áreas.
Fonte: FIORAVANTI, C. Ataliba Teixeira de Castilho: O Linguista Libertário. Pesquisa Fapesp, 2017. < https://revistapesquisa.fapesp.br/ataliba-teixeira-de-castilho-o-linguista-libertario